Os altos números de atendimentos de casos suspeitos da Zika Vírus em Alagoas têm chamado a atenção dos médicos infectologistas. No maior hospital particular de Maceió, entre os meses de junho e agosto, foram registrados mil atendimentos de casos suspeitos da doença. Com essa estimativa, a classe médica classifica que o estado sofre de uma epidemia da doença e que o número de casos não vão diminuir, porque o país não estava preparado para este novo vírus.
Segundo a médica infectologista, Raquel Guimarães, a Zika é uma doença nova no Brasil, que surgiu em 2014 na cidade de Salvador-BA. Por ter sintomas semelhantes ao da dengue, no início era confundida, mas com o decorrer das pesquisas e a percepção de que o ciclo da doença terminava em 7 dias, exames laboratoriais foram determinantes para diferenciar as doenças.
"Nós não estávamos preparados para esta doença. É algo novo e não sabemos sua procedência. A maior diferença é que o ciclo dela termina em uma semana. Já a dengue, tem um ciclo duradouro e que precisa ser monitorado, porque pode haver uma evolução para a sua forma mais grave e culminar em morte. A Zika ela não possui a forma grave", explica a infectologista.
No maior hospital público de Alagoas e especialista em doenças infectocontagiosas, o Hospital Escola Hélvio Auto, o número de atendimentos no mesmo período chegam a aproximadamente 900 casos. Apesar dos altos índices, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), possui apenas 13 casos confirmados em Alagoas.
A confirmação da doença só é feita através de exames laboratoriais. O único laboratório capaz de identificar a doença fica localizado na cidade de Belém-PA e o resultado demora em torno de 15 dias para sair.
"Na maioria dos casos, apenas o diagnóstico clínico é o suficiente para dar início ao tratamento, que é feito diretamente nos sintomas, sem a necessidade de medicamentos específicos", como afirma a médica Raquel Guimarães.
A Secretaria de Estado da Saúde possui apenas 13 casos confirmados em Alagoas: 7 em Maceió; 3 em Mata Grande; 1 em Colônia Leopoldina; 1 em Arapiraca e 1 em Maribondo. Todos estes casos foram confirmados através de exames laboratoriais.
Como o Zika vírus é transmitido pelo Aedes aegypti, que é transmissor da dengue, a Sesau recomenda a manutenção dos cuidados para evitar a proliferação do mosquito, por representar a estratégia mais efetiva.
A eliminação de criadouros, a proteção dos depósitos de água, o apoio ao trabalho dos agentes de endemias, a realização de mutirões de limpeza, e as denúncias sobre a existência de imóveis abandonados e fechados que podem abrigar grandes quantidades de criadouros, são iniciativas locais que podem ajudar a reduzir e eliminar o mosquito. Cabe aos gestores municipais garantir a limpeza urbana, promover mutirões de limpeza, realizar a coleta sistemática do lixo, além de inspecionar e acionar proprietários de imóveis abandonados ou fechados, que podem abrigar criadouros.