terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ministro diz que novo pacote de cortes atinge saúde do trabalho



 
Ministro do Trabalho, Manoel Dias, reafirmou que MP's 664 e 665 não serão revogada

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, reafirmou, nesta segunda-feira, (9), em reunião com sindicalistas na sede da Força Sindical, em São Paulo, que o governo não irá revogar as medidas provisórias 664 e 665, e ressaltou que os cortes anunciados pela presidente Dilma devem ser "negociados" pelas centrais no Congresso Nacional.

"Não tem mais como revogar. Agora tem que discutir", afirmou o ministro do Trabalho.

Além de insistir que o Executivo não voltará atrás com relação às MP's que restringem o acesso dos trabalhadores a programas como o seguro-desemprego, abono-salarial, auxílio-doença e pensões por morte, o emissário da presidente disse que o governo anunciará novas medidas que podem atingir diretamente gastos relacionados à saúde do trabalhador.

O novo "pacote de maldades" – como classificam os representantes das centrais sindicais – não foi detalhado, mas deve ser oficializado já nesta quarta-feira (11). Segundo o ministro, o pacote inclui aumento da fiscalização eletrônica das empresas e o combate à informalidade e tem o objetivo de "economizar" mais R$ 10 bilhões, entre aumento de arrecadação e corte de gastos, visando "melhorar os critérios" e "coibir fraudes". Dias adiantou que entre os alvos dos cortes estão os gastos relacionados à saúde do trabalho, prevendo "mais rigor" na concessão de benefícios aos portadores das chamadas doenças profissionais. O governo gasta atualmente R$ 70 bilhões com o pagamento destes benefícios aos trabalhadores, o que para a equipe de Dilma, certamente, é um desperdício. O governo tem demonstrado além dos discursos que sua prioridade é o acúmulo de receitas para o pagamento do superávit primário e juros estipulados pela Selic – nem que isso custe arrancar os direitos históricos.

Os trabalhadores, que já haviam declarado guerra às medidas anti-trabalhistas do governo Dilma, receberam a notícia com mais indignação, especialmente pela cara-de-pau do ministro de anunciar mais cortes na sede da central. Eles voltaram a afirmar que as mudanças nas regras são uma "traição contra a classe trabalhadora".

"Em vez de penalizar os trabalhadores com a retirada de direitos, o governo deveria tomar medidas que realmente possam "corrigir as distorções e fraudes", como por exemplo, a instituição do imposto sobre grandes fortunas, a taxação de remessas de lucros e dividendos para o exterior e a redução da taxa de juros, fomentando a produção, o consumo e gerando emprego", voltou a contestar Miguel Torres, presidente da Força Sindical. "O governo está perdido", sentenciou.

As centrais sindicais reunidas se organizam agora para tentar impedir que as medidas anti-trabalhistas do governo passem pelo Congresso Nacional. Já nesta semana, representantes se reúnem com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Senado, Renan Calheiros.

Enquanto isso, Força Sindical, CGTB, CUT, CTB, UGT, NCST, CSB e Conlutas intensificam a mobilização para barrar as medidas. Na manifestação realizada no mês passado, milhares de trabalhadores em todo o país denunciaram as medidas e a política econômica da presidente e companhia.

"A atitude do ministro nos mostra a necessidade de intensificarmos nossa mobilização, nas ruas e no Congresso Nacional. Já ficou claro que além de mentir, com esse governo não tem conversa", avaliou o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas, o Bira.

O novo pacote de R$ 10 bilhões se soma ao montante de R$ 18 bilhões previstos com a edição das MP's 664 e 665 anunciadas no final do ano. De acordo com as novas regras contidas nas duas medidas, para ter direito ao seguro-desemprego o trabalhador deverá ter 18 meses de carência no mesmo emprego – antes eram seis meses. No caso do abono-salarial, apenas aqueles que trabalharam seis meses no ano receberão o benefício, quando nas regras anteriores recebia quem trabalhou um mês no ano. Com relação às alterações na previdência, as pensões por morte deixam de ser vitalícias e o tempo de concessão será restringido pela idade da viúva. As MP's também restringem o acesso ao auxílio-doença e ao seguro-defeso (seguro desemprego do pescador artesanal). Fonte: Hora do Povo

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