segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sindicalistas e empresários defendem cálculo de índice de nacionalização “por peça”

Os Metalúrgicos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical aproveitaram a discussão sobre a Medida Provisória 540, que promete reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as empresas do setor automotivo que tiverem pelo menos 65% do produto fabricado no país, para denunciar que o atual método de cálculo do índice de nacionalização das autopeças é um engodo. O cálculo é feito sobre o conjunto do faturamento da empresa e não sobre o valor das peças.

“Do modo que está, entram todos os gastos, como propaganda, folha de salários e até compra de máquinas, mesmo que sejam importadas. Queremos que a conta seja peça sobre peça”, afirmou Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes. Nas contas das centrais, se for mantido o índice de nacionalização em 65%, com o sistema de cálculo sobre o faturamento, apenas 16% do produto será feito no Brasil. 

Os sindicalistas querem como alternativa, para não alterar a fórmula de cálculo, aumentar o índice para 80%. Dessa forma, ainda segundo suas contas, haveria 26% de conteúdo nacional e 4,9% de componentes do setor de autopeças brasileiro. O setor de autopeças responderá por 1,4% do valor do automóvel - o resto será importado. “Queremos chegar a cerca de 5%, com o índice de 80%, para garantir os empregos do setor, que é um dos que tem mais trabalhadores no país”, completa.

Já para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Anfape), Renato Fonseca, só o aumento do percentual de componentes produzidos no Brasil não reduzirá o déficit na balança comercial, que chegou a US$ 3,58 bilhões de janeiro a setembro de 2011, aumento de 28,14% sobre o mesmo período do ano passado. “As montadoras instaladas no país perderam fatia do mercado, mas cresceram nas vendas absolutas. Já o setor de autopeças não. Perdemos tanto em participação quanto em vendas”, diz.

Na opinião de Fonseca, o melhor modelo para proteger a indústria nacional seria calcular o índice sobre o valor das peças, ao invés de fazer a conta sobre o faturamento. “O aumento [do índice] ajuda, mas não resolve. Se mudássemos o sistema de cálculo, teríamos um valor mais próximo do real”, argumenta.

Fonte : Jornal Hora do Povo


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