Por Maurício Gonçalves, repórter da Gazeta de Alagoas (matéria publicada na edição de 24.08.14 - Especial sobre a saúde em Alagoas)
A propaganda oficial é linda. O brilho nos olhos do violeiro chapa-branca mostra um Hospital Geral do Estado (HGE) com pacientes felizes e tudo novo em folha, após uma bela reforma com ampliação de leitos. “Isso é real”, dizia o trovador, em peças publicitárias. Será?
Pacientes que apelidam o local como “matadouro” ou “corredor da morte” garantem que não. A verdade dói, é terrível e pode ser vista numa comunidade do Facebook criada com o sugestivo nome de “HGE Real” e atualizada por funcionários que não gostam de mentira. Um deles virou fonte da Gazeta, sob a condição de ter o nome preservado.
De todo modo, nossa reportagem ingressou no HGE e constatou parte das denúncias. Como é proibido entrar jornalistas, era preciso driblar a segurança. Conseguimos, três vezes. Numa delas, os vigilantes desconfiaram e saímos às pressas. Noutra, fotografamos as caixas do caríssimo aparelho de tomografia computadorizada, largadas no corredor há mais de seis meses. “Chegou em 15/02/2014”, a inscrição na madeira foi feita por um funcionário revoltado e marca o tempo de uma história impressionante. Dessas que só acontecem no serviço público.
“Esse tomógrafo era para funcionar desde o início do HGE, mas a sala construída na reforma (da então Unidade de Emergência) foi inadequada”, explica nossa fonte. Esta inauguração do HGE aconteceu em 2008. Somente após cinco anos decidiram ajeitar a sala, mas era apenas o reinício da saga para receber o aparelho. “Tiveram de quebrar o piso, o teto e a parede para perceberem que a fiação elétrica não comportava o tomógrafo”.
Em janeiro deste ano, nova reforma. “Botaram a fiação necessária, mas quando o tomógrafo chegou constataram outro problema: poderia gerar um superaquecimento e havia até risco de incêndio. Então começaram a quebrar tudo de novo”, explica o funcionário do HGE.
Para piorar, o tomógrafo antigo quebrou há dois meses. Com isso, o principal hospital de urgência e emergência do Estado não realiza mais estes exames. Segundo a fonte da Gazeta de Alagoas, o conserto do único tomógrafo que funciona no HGE custaria R$ 16 mil. “O Estado não paga o reparo e prefere gastar R$ 60 mil por mês para fazer os exames no Hospital Arthur Ramos com dinheiro do HGE”.
Esta semana, a vinda a Alagoas do ministro da Saúde, Arthur Chioro, foi marcada por tapinhas nas costas e palavras bonitas. Num discurso empolgado, o secretário estadual de Saúde, Jorge Villas Bôas, aventurou-se a dizer que não havia mais “camas” nos corredores do HGE. De fato, camas nunca existiram. Já colchonetes, macas e pacientes agonizando no corredor superlotado é rotina. Na semana passada, nossas câmeras registraram pacientes espremidos em macas, no corredor, ou sentados no chão, sem atendimento.
Para o HGE Real, a ampliação é uma farsa, a reforma foi de araque. “O forro da UTI recém-inaugurada desabou no mês de janeiro. Ainda fizeram outra reforma de fachada, custou R$ 300 mil para abrir mais duas portas no hospital. No corredor da área azul, sempre tem uma média de 20 a 30 pacientes por falta de leitos. Não há profissional suficiente e nem banheiro disponível”.
Estas e inúmeras denúncias já chegaram ao Ministério Público, aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Além da cobertura rotineira do caos pela imprensa alagoana, a Gazeta já fez duas grandes reportagens investigativas sobre o assunto. Publicadas no dia 17 de março de 2013, com o tema “HGE, o corredor da morte”, e em 20 de dezembro de 2013, com o título “Ampliação do HGE não diminui sofrimento”. De lá para cá, só mudou alguma coisa no HGE de mentirinha do marketing tucano. Na real mesmo, só gemidos e lamentações.
A propaganda oficial é linda. O brilho nos olhos do violeiro chapa-branca mostra um Hospital Geral do Estado (HGE) com pacientes felizes e tudo novo em folha, após uma bela reforma com ampliação de leitos. “Isso é real”, dizia o trovador, em peças publicitárias. Será?
Pacientes que apelidam o local como “matadouro” ou “corredor da morte” garantem que não. A verdade dói, é terrível e pode ser vista numa comunidade do Facebook criada com o sugestivo nome de “HGE Real” e atualizada por funcionários que não gostam de mentira. Um deles virou fonte da Gazeta, sob a condição de ter o nome preservado.
De todo modo, nossa reportagem ingressou no HGE e constatou parte das denúncias. Como é proibido entrar jornalistas, era preciso driblar a segurança. Conseguimos, três vezes. Numa delas, os vigilantes desconfiaram e saímos às pressas. Noutra, fotografamos as caixas do caríssimo aparelho de tomografia computadorizada, largadas no corredor há mais de seis meses. “Chegou em 15/02/2014”, a inscrição na madeira foi feita por um funcionário revoltado e marca o tempo de uma história impressionante. Dessas que só acontecem no serviço público.
“Esse tomógrafo era para funcionar desde o início do HGE, mas a sala construída na reforma (da então Unidade de Emergência) foi inadequada”, explica nossa fonte. Esta inauguração do HGE aconteceu em 2008. Somente após cinco anos decidiram ajeitar a sala, mas era apenas o reinício da saga para receber o aparelho. “Tiveram de quebrar o piso, o teto e a parede para perceberem que a fiação elétrica não comportava o tomógrafo”.
Em janeiro deste ano, nova reforma. “Botaram a fiação necessária, mas quando o tomógrafo chegou constataram outro problema: poderia gerar um superaquecimento e havia até risco de incêndio. Então começaram a quebrar tudo de novo”, explica o funcionário do HGE.
Para piorar, o tomógrafo antigo quebrou há dois meses. Com isso, o principal hospital de urgência e emergência do Estado não realiza mais estes exames. Segundo a fonte da Gazeta de Alagoas, o conserto do único tomógrafo que funciona no HGE custaria R$ 16 mil. “O Estado não paga o reparo e prefere gastar R$ 60 mil por mês para fazer os exames no Hospital Arthur Ramos com dinheiro do HGE”.
Esta semana, a vinda a Alagoas do ministro da Saúde, Arthur Chioro, foi marcada por tapinhas nas costas e palavras bonitas. Num discurso empolgado, o secretário estadual de Saúde, Jorge Villas Bôas, aventurou-se a dizer que não havia mais “camas” nos corredores do HGE. De fato, camas nunca existiram. Já colchonetes, macas e pacientes agonizando no corredor superlotado é rotina. Na semana passada, nossas câmeras registraram pacientes espremidos em macas, no corredor, ou sentados no chão, sem atendimento.
Para o HGE Real, a ampliação é uma farsa, a reforma foi de araque. “O forro da UTI recém-inaugurada desabou no mês de janeiro. Ainda fizeram outra reforma de fachada, custou R$ 300 mil para abrir mais duas portas no hospital. No corredor da área azul, sempre tem uma média de 20 a 30 pacientes por falta de leitos. Não há profissional suficiente e nem banheiro disponível”.
Estas e inúmeras denúncias já chegaram ao Ministério Público, aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Além da cobertura rotineira do caos pela imprensa alagoana, a Gazeta já fez duas grandes reportagens investigativas sobre o assunto. Publicadas no dia 17 de março de 2013, com o tema “HGE, o corredor da morte”, e em 20 de dezembro de 2013, com o título “Ampliação do HGE não diminui sofrimento”. De lá para cá, só mudou alguma coisa no HGE de mentirinha do marketing tucano. Na real mesmo, só gemidos e lamentações.
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