terça-feira, 2 de setembro de 2014

Problemas em todos os municípios

Por Erick Balbino, repórter da Gazeta de Alagoas (matéria publicada na edição de 24.08.14 - Especial sobre Saúde em Alagoas)
Maceió – A reportagem da Gazeta de Alagoas foi à reunião da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), no dia 28 de julho, para perguntar aos prefeitos quais os maiores problemas enfrentados em suas gestões. As respostas foram praticamente unânimes: a péssima qualidade na saúde pública. Segundo eles, a falta de investimentos por parte do governo federal os impede de oferecer um serviço decente ao povo.

A maioria dos municípios do interior investe em ambulâncias para levar os casos urgentes a hospitais de referência, como o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, e a Unidade de Emergência Dr. Daniel Hoully, em Arapiraca. Os veículos também funcionam como meios de transporte para os pacientes que precisam se consultar com especialistas, já que estes não existem no interior.

A “Terra do Carro de Boi”, como é conhecida Inhapi, a 270 quilômetros da capital alagoana, é uma das cidades que mais sofrem com a falta de recursos federais para cuidar da saúde, segundo o prefeito José Cícero Vieira. “Nós precisamos de mais recursos. O piso dos agentes da saúde aumentou consideravelmente as despesas da prefeitura e isso gerou um impacto negativo na saúde. Em alguns meses, comprometemos 25% de toda a verba municipal só nesta área”, disse ele.

Inhapi tem cinco postos de Saúde da Família e, segundo a gestão, a demanda na cidade é muito grande, principalmente por estarem longe dos grandes centros de saúde. “Por não termos um hospital de referência nas proximidades, as despesas com ambulâncias são muito altas. Todos os dias mandamos pacientes para consultas médicas na capital, em Arapiraca ou Santana do Ipanema”, enfatiza o prefeito.

Uma maneira de amenizar o problema seria uma estruturação, por parte do governo do Estado, do hospital de Delmiro Gouveia, que fica a 40 quilômetros. “Há uma solicitação neste sentido, por parte dos prefeitos do Alto Sertão, que ainda não foi atendida pelo governador. Precisamos de um suporte maior ao hospital de Delmiro para que, quando as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) forem inauguradas, não se sobrecarreguem”, concluiu.

O município de Craíbas, no Agreste, conta com oito unidades básicas de Saúde da Família e com uma casa maternal, que vem funcionando, há alguns anos, com atendimento de urgência e emergência. O prefeito Bruno Pedro revela que o maior desafio da sua gestão é manter a qualidade dos serviços municipais de saúde, como manda a Constituição Federal. Segundo ele, os recursos estão aquém do necessário, pois todos os procedimentos na área são muito caros. “Temos alguns programas que são custeados, em parte, pelo governo federal, mas o município entra com uma contrapartida”, disse.
 
Segundo ele, o programa Mais Médicos foi um elemento positivo para a melhoria no atendimento à população local. “Recebemos três médicos cubanos e, partindo de uma avaliação popular, o programa foi aprovado, principalmente em relação ao atendimento e à eficiência. Com isso, conseguimos preencher algumas lacunas que faltavam na área da saúde.

A cidade de Batalha fica na Bacia Leiteira de Alagoas. Pouco desenvolvida, depende da verba repassada, pela União, por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Estes recursos são baseados, principalmente, no número de habitantes do município, de acordo com dados do IBGE.

Segundo o prefeito, Aloísio Rodrigues, cada um dos sete postos de saúde do município recebe aproximadamente R$ 10 mil por parte do governo federal. Valor insuficiente para cobrir todas as despesas. “Para manter um posto de saúde na cidade de Batalha, atuando de forma regular, são gastos cerca de R$ 22 mil. Para piorar a situação, a União cortou 40% do FPM. Temos que fazer malabarismos para conseguir cumprir com as folhas de pagamento”, disse ele.

Em Pão de Açúcar, os inúmeros recursos extras utilizados quase nunca são suficientes para pagar todas as pendências e a folha de pagamento dos servidores. “O caos é percebido no Brasil inteiro, porque existe um subfinanciamento da saúde”, disse o prefeito da cidade, Jorge Dantas, que também é presidente da AMA.

Segundo ele, o grande calcanhar de Aquiles da cidade é o hospital. “Nossa maior unidade de saúde custa R$ 420 mil mensais e o recurso federal não ultrapassa os R$ 150 mil. Para manter o hospital aberto, a prefeitura conta com um auxílio do governo do Estado, que também é pequeno, comparado com o tamanho das despesas”, disse ele.

O prefeito de Pariconha, Fabiano Ribeiro, é mais um que reclama dos valores repassados para as prefeituras, por parte do governo federal. “Muitas vezes nos sentimos obrigados a aderir aos programas que a presidência lança e isso interfere de forma muito grave nas contas das prefeituras”, disse ele.

A cidade de Pariconha é uma das poucas que atendem a população indígena. São sete postos de Saúde da Família, sendo dois destinados exclusivamente a este grupo.

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