terça-feira, 26 de agosto de 2014

Dor e sofrimento estampados no rosto

Por Thiago Gomes, repórter da Gazeta de Alagoas (matéria publicada na edição de 17.08.14 - Especial sobre a saúde em Alagoas)


O rosto sofrido de cada um dos pacientes e acompanhantes chama a atenção nos corredores da ala de internamento do Hospital Hélvio Auto. Muitos vivem tão preocupados com a recuperação que nem se dão conta da falta de médicos. Aliás, na hora em que a reportagem da Gazeta esteve no hospital-escola, nenhum médico foi visto nas enfermarias. Quem está nos leitos espera, ansiosamente, pela cura, apesar da situação bem difícil.
É o caso da doméstica Josineide da Silva, que acompanha a filha Maria Eduarda, de apenas três anos, internada após ser encaminhada de um posto de saúde do município de Batalha, onde as duas moram. Lá, a falta de estrutura não permitiu que os médicos soubessem o mal que a menina sofria. Eduarda apresenta várias bolhas pelo corpo e, de acordo com o prontuário do Hélvio Auto, trata-se de uma bactéria.
“Não fomos bem atendidas em Batalha e fomos encaminhadas para Maceió. Aqui ficamos e ainda vou ter que comprar o medicamento para tratar a doença da minha filha, já que não tem na farmácia do hospital”, reclama a dona de casa, enquanto é interrompida várias vezes pela filha, que reclama de dor de cabeça.
A jovem Sâmia dos Santos, de 17 anos, é mãe do pequeno Mateus Bruno, de 9 meses. Internado com catapora, o garotinho chorava nos braços da mãe, após tomar um banho. Ela penteava os poucos cabelos do filho com bastante cuidado, para não piorar ainda mais os ferimentos abertos pela doença. Sâmia reclama do mau atendimento no posto de saúde do conjunto Carminha, no Benedito Bentes, para onde foram de início.
“Ele só veio para cá [Hélvio Auto] porque teve infecção e piorou. Não é bom estar aqui, mas foi o jeito depois do péssimo atendimento lá no Biu [Benedito Bentes]”, lamenta a mãe.
Na ala reservada aos pacientes com Aids, o clima é de tristeza. Três jovens ainda tinham forças para caminhar pelos corredores e outros nem do leito se moviam. Nenhum deles quis falar com a equipe de reportagem, já os funcionários confidenciaram que os doentes passam a maior parte do tempo deitados e recebendo medicação para melhorar a imunidade. Os pacientes com tuberculose e meningite ficam isolados.

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